#18 - sair da bolha
lista de leitura de 2025, o uso mais saudável da internet e capitães da areia
tempo de tela
Nesses útimos tempos; observando como anda minha rotina e como tudo vai ficar quando minhas férias acabarem; junto das dicas nas redes sociais e todas as notas que dizem '“MENOS INSTAGRAM!!!!” aqui no Substack - parece que todo mundo está em reabilitação após sair do instagram e outras redes de vídeos curtos - , percebi que preciso usar a internet de forma mais saudável e consequentemente, diminuir meu tempo de tela.
Tentei fazer isso no começo de dezembro. Deu certo nas primeiras semanas - parar de assistir vídeos superficiais que nem me interesso e em vez disso, usar redes sociais mais saudáveis e menos piores. Além de, claro, fazer outra coisas no meu dia além de olhar pra uma tela.
Depois o negócio desandou.
Não que tenha dado completamente errado, mas eu acabei voltando para os vídeos curtos e superficiais e, convenhamos, não adianta nada parar com o instagram se você vai passar horas rolando o feed dessa rede - isso o pessoal do notes não fala.
Sempre vejo muitas pessoas, tanto aqui nessa rede como em outros lugares, dizendo que tiraram completamente o instagram da vida delas e, no final, voltaram ainda mais viciadas.
Ás vezes me pego com vontade de fazer isso também; de desinstalar o instagram e seguir a vida ou parar de criar conteúdo pra lá. Se não fosse parte do meu trabalho, eu provavelmente faria isso.
Mas 2025 começou e veio aquela motivação mágica pra cumprir todas as metas e fazer tudo o que não fiz ano passado; ou seja, diminuir o tempo de tela (de verdade dessa vez) - já que não posso desinstalar o instagram.
Até agora tá funcionando; espero que continue assim porque - parece óbvio, mas muita gente não percebe - é muito bom viver a vida offline. É muito bom fazer as coisas sem se preocupar em postar ou em likes ou com o que os outros vão pensar; é muito bom desativar as notificações do celular e fazer coisas na vida real.
Algumas das minhas medidas pra usar a internet de forma mais saudável:
no instagram; ver os stories/reels/publicações de pessoas que realmente me interessam, em vez de passar horas e horas rolando a tela e consumindo conteúdos que vou esquecer em dois segundos.
coloquei um tempo de uso diário do instagram (50 minutos no máximo) - é a rede social que mais uso - e no substack - é aquilo; não adianta nada sair do instagram e passar horas rolando o feed daqui.
coloquei um tempo diário para usar o celular - 2 horas no máximo. Ontem fui olhar meu tempo de tela ao longo da semana e a média foi algo entre 3 e 5 horas. Eu podia ter feito muita coisa nesse tempo.
modos de foco. Quando eu ativo essa função, apenas os aplicativos que eu selecionei podem ser usados (o resto fica bloqueado). Criei dois modos de foco: “trabalho” e “tempo sem telas”
ativo esse modo de foco 1 hora antes de dormir; só alguns aplicativos podem ser usados - apps que não tem tanta informação e que me deixam menos ansioso.
desativei todas as notificações. Tudo mesmo. É a melhor coisa do mundo; testem.
Essas são algumas medidas que funcionaram pra mim; vocês podem adaptar se quiserem.
Notei que, quando coloquei isso em prática, aproveitei bem mais o tempo longe do celular - porque tive que arranjar outras coisas pra fazer.
saindo da zona de conforto
Uma das minhas metas desse ano foi ler (ou começar) todos os livros da minha lista - 17 no total (agora são 15 porque já terminei 2)
Percebi que a maior parte desses livros são clássicos e/ou de autores que nunca li. E, ao contrário do que eu teria feito um tempo atrás, achei isso bom. É legal conhecer novos autores, diversificar as nossas leituras.

Esse ano quero ler mais livros de não-fição (principalmente biografias e livros de escrita), alguns clássicos (clarice lispector, jorge amado, etc etc), e autores contemporâneos que quero conhecer (elena ferrante, aline bei, gabriel mamani magne).
Eu tô animado pra conhecer esses livros - se você já leu algum, comenta o que achou - ; acho que é interessante variar os temas para além de romance-fantasia-romance-fantasia-romance-fantasia-romance…
sar da zona de conforto; ler algo diferente. Eu demorei muito tempo pra fazer isso, acho que não custa tentar.
Nessa brincadeira de reduzir o tempo de tela e achar outras coisas pra me ocupar, consegui ler mais do que geralmente leio nessas primeiras semanas do ano.
Terminei Cafés & Lendas e Capitães da Areia esses dias e minha leitura atual é Água Doce , de Akwaeke Emezi.
Esse livro é diferente de tudo que eu já li, a narração, o enredo….tô gostando muito até agora.
Voltando naquele papo; é muito bom sair da zona de conforto às vezes. Ler autores fora do eixo estadunidense-europeu. Ter contato com outras formas de ver o mundo, com a cultura brasileira (leiam nacionais!!), e outras.
Nos últimos dias descobri que a Colleen Hoover (autora de “É assim que acaba” e outros livros) foi uma das autoras mais vendidas em 2024. Não que isso seja uma surpresa; afinal de contas, toda hora ouço o nome dela por aí, seja no bom ou mal sentido.
O público alvo dos livros dela são pessoas da classe média; que tem fácil acesso à esses livros. Não vou me estender muito nisso; mas o ponto que quero chegar é que parece que ninguém quer diversificar nada. Sempre consumindo da mesma fórmula, da mesma pessoa.
Mais um dos inúmeros autores estadunidenses com uma escrita mediana. E não, não é só a Collen Hoover. Neil Gailman - esse cara não tem nem o que falar, depois das merdas que ele fez - Nicholas Sparks, etc.
Eu não li muitos livros deles então me corrijam se eu estiver errado, mas já vi muitas pessoas falando que a escrita é mediana e outras coisas.
Então, por que as pessoas não lêem coisas diferentes? Gêneros diferentes, nacionalidades, autores. Variar um pouco, sair da zona de conforto. (olha aí, de novo kkkk) ; ler algo além dos autores estadunidenses e europeus medianos, com uma visão de mundo que muitas vezes é bem diferente da nossa e com referências que a gente nem sempre entende.
Vamos ler nacionais, autores independentes!!! Eu prometo que vale a pena!!!
capitães da areia
Agora, a melhor parte dessa edição (eu construí todo o texto acima pensando no momento em que falaria desse livro kkkk; sim, é sério).
Capitães da Areia, um dos clássicos do Jorge Amado. Eu terminei o livro na segunda-feira dessa semana e…estou sem palavras. Passei a semana toda pensando no que escreveria sobre essa história, tentando construir uma opinião; e para ser sincero, ainda estou pensando nisso haha
Esse livro é incrível. A crítica social é muito bem construída; o Jorge Amado colocou elementos que mostram a realidade dos capitães da areia em relação às pessoas com uma realidade completamente diferente da deles.
Acho que muitos elmentos presentes nesse livro se encaixam no nosso contexto atual e é isso que torna esse livro tão bom.
Vou tentar não dar spoiler por aqui (vai que alguém quer ler o livro né kkkk), mas vocês vão se emocionar, podem ter certeza. Sei que talvez seja previsível começar a ler literatura clássica brasileira por “Capitães da Areia” - ou é só coisa da minha cabeça - mas leiam. Sério.
Acho que uma chavinha virou na minha cabeça depois de terminar essa leitura. De verdade, a minha reação depois de virar a útima página foi olhar para a parede. Em silêncio. Só processando o que li. Minha cabeça explodiu.
Mas o ponto central dessa edição, a verdadeira mensagem que eu quero passar, não é exatamente a minha opinião sobre esse livro - mesmo que isso seja parte das reflexões que passaram pela minha cabeça. (Continua lendo, eu já chego lá)
53% dos brasleiros não leram nenhum livro em 2024. É meio estranho - e triste - pensar nisso, porque essas pessoas estão perdendo muita coisa. Muitas histórias, muitas formas de ver o mundo. É aquele negócio: “um leitor vive mil vidas, mas quem não lê vive apenas uma”
Claro que existem muitos fatores para essa média; muita gente não tem acesso fácil a livros, por exemplo; além da falta de incentivo à leitura, mas isso fica pra outra edição. O ponto aqui é: algum tempo atrás, eu não teria escolhido “Capitães da Areia” e nem “Água Doce”, pelo simples motivo de estar confortável na minha própria bolha, lendo sempre mais do mesmo.
Era como um escudo blindado e impenetrável. E eu nem pensava em, sei lá, diversificar o que eu lia. Não que isso seja algo necessariamente ruim, mas como eu disse antes, não custa tentar.
Porque se você foca apenas em um tipo de leitura, pontos de vistas sempre parecidos, é inevitável. Você vai perder muita coisa.
É, sei que é difícil ouvir isso. Sei que ás vezes a gente só quer fazer o que é previsível, o que já sabemos o que esperar. Sem surpresas, sem possíveis frustrações. Apenas entrar em uma bolha protegida contra qualquer tipo de coisa nova e diferente - e isso nem é só sobre leitura; vale pra qualquer coisa.
Mas toda a escolha vai ter as consequências. Você não vai se frustrar porque tudo será previsível e fácil de lidar, por outro lado, pode perder muita coisa. Histórias sobre garotos em um trapiche abandonado, histórias que retratam a nossa realidade, histórias nem tão divulgadas, histórias escritas por pessoas diferentes daquela imagem que temos do escritor ideal.
A zona de conforto cansa. Ás vezes, é legal sair dela ;)
eu li capitães da areia ano passado e amei, juro! todas as mensagens que esse livro passa, a construção dos personagens. muito bom.
amei seu post! também tô planejando diminuir meu tempo de tela esse ano.
Taylor Jenkins Reid é maioral! Gostei de todos os livros dela que eu li, infelizmente, ainda não li Evidências de uma Traição, mas vai fundo, a chance de ser muito bom é muito alta!
(Também estou com a meta de reduzir o tempo de tela por aqui.)