Deu certo por 1 mês (só isso)
Há alguns meses, eu parei de escrever nos fins de semana. Só de segunda a sexta. E a lógica é bem simples: me matar de trabalhar durante a semana porque assim, no sábado e domingo, é possível ter um tempo de descanso saudável - porque a gente sabe que quando se trata de ter um horário flexível, trabalhamos 24 horas por dia, 7 dias por semana.
No começo até que deu certo. Eu consegui escrever bastante nos dias da semana - não necessariamente com um horário definido, mas eu tava escrevendo. Com esse sistema, consegui terminar de editar o meu livro em um prazo legal. Mas aí, as minhas férias acabaram - e aí vem aquele balde de água fria.
Como já mencionei em algumas edições por aqui, às vezes é complicado comciliar a escrita com as outras coisas; tipo os estudos. Ainda assim, as coisas ainda estavam tranquilas no começo de fevereiro; eu tava planejando o meu livro, tava mantendo constãncia com a newsletter e tava me acostumando com as aulas e acordar cedo de novo.
Só que, conforme o mẽs foi passando, ficou mais complicado fazer tudo ao mesmo tempo - estudar, escrever, fazer atividade física e ter algumas pausas no processo. Isso, sem fazer nenhuma dessas coiaas nos fins de semana.
Porém, aquela ideia de escrever bastante nos dias de semana começou a dar errado. E considerando que eu tô procurando o tom da história, dos personagens, e tô nos primeiros capítulos, seria bem difícil escrever de trẽs a cinco capítulos em uma semana e dar atenção às minhas outras prioridades.
(é, esse era o meu objetivo na segunda feira passada)
O resultado: eu escrevi 1 capítulo - e emendei o resto pro fim de semana.
Os dias de escrita em tempo integral
Uns dois anos atrás - na verdade, até a o começo do segundo semestre de 2024 (pois é), eu tava acostumado a escrever nos fins de semana. Mas não por falta de tempo ou necessidade, e sim pra escrever mais. Não que isso seja necessariamente ruim, mas nessa brincadeira acho que perdi algumas horas de sono e um pouco da minha sanidade mental.
Ou seja, mesmo que eu tivesse escrito uma quantidade legal de palavras ou capítulos durante a semana, eu ainda escrevia nos fins de semana. É, eu era bem idiota. E tinha um motivo simples: eu queria ter a experiẽncia de só escrever; sem precisar dividir meu tempo e conciliar isso com outras tarefas. Como se eu escrevesse em tempo integral.
O problema é que, nisso, eu não aproveitava o suficiente os fins de semana. Não que eu passasse o tempo todo trancado em casa escrevendo obssessivamente, mas tinha uma cobrança.
Quando eu fazia algo diferente nos fins de semana - sair de casa, passar um tempo sem fazer porra nenhuma nada, etc - eu ficava pensando em quando eu iria escrever, se daria tempo, se eu conseguiria esccrever a quantidade X de palavras ou capítulos até o fim do dia, se…
Um outro argumento que eu tinha pra continuar com isso era: “assim, eu fico conectado com a minha história”. Cara, cala a boca. Vai dormir, sei lá.
Essa desculpa até tem um sentido, mas dá pra lidar com isso de formas melhores do que passar o sábado todo sentado na cadeira de frente pro computador.
Tudo mudou quando eu vi uma dica de uma escritora no Instagram.
Viver além da escrita
Parece óbvio, mas só fui levar isso em consideração no final do ano passado. E, de verdade, acho que dar uma pausa é uma das coisas mais necessárias em trabalhos que envolvem a criatividade de modo geral. Porque como eu vou criar e ter ideias novas se a minha cabeça tá cheia de informações? Como posso estimular a minha criatividade se não sobra nenhuma energia no fim do dia?
Se a gente pensar bem, a resposta é simples: dar uma pausa. Evitar passar muitas horas seguidas mergulhado no trabalho. - Quer dizer, ás vezes a escrita tá fluindo bem e são aqueles dias em que a nossa disposição tá lá em cima, mas na maior parte das vezes isso não acontece (infelizmente) - Ou seja, nós precisamos fazer outras coisas além da escrita.
E, como você já pode esperar, os momentos mais propícios pra isso são nos fins de semana. Você vai mesmo desperdiçar esses dois dias (teoricamente) de descanso trabalhando?
OBS: quando digo “trabalho” , estou me referindo à tarefas com um horário mais flexível, como a escrita. Mas sei que existem várias realidades e que nem todas as pessoas têm a possibilidade de tirar o fim de semana só pra descansar, ou que só conseguem escrever nos fins de semana…entre outros. Se esse for o seu caso - ou se não for -, não precisa levar a minha opinião e em consideração.
Mas, se você tá curtindo o texto até agora…
E aí vem a pergunta: “Mas o que dá pra fazer nos fins de semana? Como eu posso me oupar com alguma coisa interessante que não seja o trabalho?”
Na real, nem eu sei direito. Tem dias que eu passo o dia todo no sofá, com a cara vidrada no celular, e não faço nada além disso. Dias em que eu não faço absolutamente nada interessante e que valha a pena ser contado. Mas ainda assim, esse tmpo de pausa é válido - porque o descanso não é só sobre dar um rolê muito interessante e sair da rotina; mesmo que esses momentos também possam (e devam) existir.
Então, aqui vai uma
lista de coisas minimamente interessantes pra fazer no fim de semana - ao invés de ficar sentado de frente pro computador
sair com amigos
sair sozinho
passar um tempo com pessoas especiais
montar quebra-cabeça
ler
andar de bicicleta ou fazer qualquer outra atividade física
dar uma volta no quarteirão
brincar com o pet
ir à uma peça de teatro
tocar um instrumento
escrever sobre os próprios pensamentos
E aí, mais perguntas: (ninguém perguntou nada, mas você entendeu)
Espera…escrever? Você não disse pra não escrever nos fins de semana? Do que cê tá falando, cara?
Escrever não é só trabalho
E - falando por experiência própria - é uma merda ver a escrita apenas assim.
Outro dia, li a newsletter abaixo e comecei a pensar em algumas coisas.
Eu sempre escrevi sobre mim mesmo. Sobre os meus sentimentos, a minha vida. Sobre o que me aconteceu. Para além das histórias que eu criava - e que ainda crio - sobre outras vidas; outras pessoas, eu registrava no papel os meus acontecimentos cotidianos - sendo eles banais ou não.
Fiz isso por um tempo considerável. Na época da pandemia, a escrita me ajudou a expressar os meus pensamentos e registrar o que tava rolando; tanto na minha vida como no mundo. Continuei com o hábito até mais ou menos um dois anos depois, e então parei.
Não sei exatamente quando, mas entre um momento e outro, eu só usava os meus cadernos físicos para planejar meus livros, rabiscar coisas soltas e fazer qualquer coisa que não fosse escrever sobre mim mesmo. Eu não poderia ter escolhido época pior.
Esse tipo de escrita me ajudava muito - muito mesmo. Porque, cara…o meu caderno não me julgava pelas coisas que eu colocava ali. Eu poderia escrever o que eu quisesse, sobre o que ou quem eu quisesse, e nada aconteceria. Era um lugar meu, sem pressão. E tenho certeza que, se eu tivesse continuado a escrever assim, aquele ano teria sido bem menos pior.
E não só no sentido de expressar o que eu tava pensando ou de organizar a minha cabeça, mas também para ter registros no futuro. Eu ainda tenho a maior parte dos meus cadernos antigos guardados; de tempos em tempos dou uma lida e fico em choque, porque muita coisa mudou nesse meio tempo. Mas, se eu não tivesse esses relatos e pensamentos soltos registrados - como é o caso de quando eu parei de escrever- , as minhas impressões sobre aqueles momentos não seriam muito nítidas, mas apenas um borrão, uma memória meio distante.
Não sei se isso fez sentido; dei uma boa viajada agora, mas o ponto é: escrita não é só trabalho, mesmo que seja o nosso trabalho. Escreva seus livros, mas também escreva sobre você mesmo. Sobre as suas vivências. Sobre o que você fez em um dia qualquer - ou não, não tô aqui pra cagar regra. Faz o que você quiser - porque não dá pra negar que
a escrita traz benefícios
Em um estudo publicado no Journal of Experimental Psychology, os cientistas afirmaram que fazer listas antes de dormir ajudaria a dormir mais rápido.
Pra resumir, os cientistas analisaram os padrões de sono de 57 homens e mulheres com idade entre 18 e 30 anos. Tinham algumas regras; as luzes eram apagdas às 22h30 e não havia nenhum estímulo externo, além de que os participantes teriam que fazer um exercício de escrita antes de dormir.
De acordo com a equipe, a maior parte deles fez listas de suas tarefas para os próximos dias ou tarefas dos dias anteriores. Depois, foi observado que os participantes que fizeram essas listas de afazeres dormiram 9 minutos mais rápido do que os outros.
"Quanto mais específica a lista de afazeres, mais rápido o participante dormiu", escreveram os autores. "O oposto foi observado com os participantes que escreveram sobre as atividades que já passaram." Os pesquisadores ressaltam que, embora nove minutos pareçam pouca coisa, eles podem fazer toda a diferença, dando mais descanso e energia.
Então, escrevam. Só escrevam. Pode ser sobre qualquer coisa; não necessariamente algo interessante. Sei lá, só…escreva.
(e descanse nos fins de semana, pelo bem da sua saúde mental)
CONSIDERAÇÔES:
Fontes (os dois estudos sobre os benefícios da escrita)
4 motivos científicos para começar a escrever mais
escrever listas pode te ajudar a dormir mais rápido
newsletter: porque você não escreve sobre o que te aconteceu?
Obrigado por ler até aqui, espero que tenha curtido essa edição ;)
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A gente precisa de um descanso
No mês passado, voltei a trabalhar no meu projeto atual. Depois de quatro meses pegando poeira no google docs, achei melhor voltar a mexer nele. Preciso terminar esse livro, dar um final à meus personagens e a essa história que planejei lá em janeiro desse ano.